sábado, 18 de abril de 2009

Escalada na Aguja Guillaumet


Face Norte da Ag. Guillhaumet


Após a caminhada no gelo continental, nossa primeira experiência em El Chaltén, Edu e eu já estávamos nos preparando para a próxima empreitada. Só tínhamos que aguardar pela janela de bom tempo.

Assim, novamente adentramos o vale do Rio Eléctrico, desta vez para tentar escalar a Aguja Guillaumet, no extremo norte do cordão Fitz Roy. Queríamos escalar a rota Fonrouge-Comesaña, no pilar norte da agulha.
Caminhamos por bosques de lengas durante cerca de duas horas até chegar em Piedra del Fraille, um refúgio em propriedade particular. Um pouco antes deste refúgio, à esquerda, subimos a morena que leva a Piedra Negra, acampamento base da Ag. Guillaumet. São cerca de mil metros de desnível que consumiram 3hs de pesada caminhada. Chegando em Piedra Negra, haviam muitas barracas e muitas cordadas que também tentariam escalar a rota que havíamos elegido. Assim, decidimos tentar escalar outra via, a Espolón Dorado, na face Nordeste.

Saímos do bivaque às 6hs do dia seguinte, chegando na base da via após duas horas. Uma boa subida, o primeiro trecho em glaciar e depois uma morena íngreme e com muita rocha solta. O dia estava bastante frio, com algumas nuvens. Após 150ms de escalada mista, uma experiência nova para nós, chegamos na base de várias fissuras que estavam com muito gelo em início de descongelamento, molhando toda a rocha. Não era pra menos. Aquele era o segundo dia após quase uma semana nevando na montanha. Ainda não havia passado tempo suficiente para “limpar” o gelo das fissuras e poder escalar sem equipamento de gelo, que era o nosso caso. Eduardo tentou escalar uma das fissuras mas estava congelada. Tampouco me animei para tentar. Decidimos rapelar, com uma certa tristeza por não poder continuar a escalada. Mas a caminhada de volta ao acampamento foi tempo suficiente para espantar a frustração. Muitas vezes se aprende muito mais nas tentativas do que alcançando um cume. Aquele tipo de escalada ainda é bastante peculiar para nós e cada vez que provamos novos terrenos estamos aprendendo e se acostumando com o novo. Aprendendo sobre a montanha, sobre a escalada, sobre nós mesmos.



Escalada na via Espolón Dorado, Ag. Guillhaumet

Luana Hudler.

Um comentário:

Reginaldo Carvalho disse...

Isso aí o aprendizado é contínuo e a sensatez é uma virtude na escalada dessas soberanas montanhas.