quarta-feira, 25 de maio de 2011

Flores de Montanha



Felicidade

Apesar de todos os desafios,

Incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas

E se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si,

Mas ser capaz de encontrar um oásis

No recôndito da sua alma.




É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um “não”.

É ter segurança para receber uma crítica,

Mesmo que injusta.



Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou

Construir um castelo ..
***
Fernando Pessoa

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

***
Vinicius de Morais

Soneto do Amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

***
Vinicius de Moraes

"Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira."

***

(Cecília Meireles)



Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
***
Fernando Pessoa

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
***
Fernando Pessoa


"Liberdade é o espaço que a felicidade precisa..."
***
Fernando Pessoa

LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.


Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso. 


E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

***
Cecilia Meireles




Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar. Por que
havemos de ser unicamente
humanos, limitados em chorar?
Não encontro caminhos fáceis
de andar. Meu rosto vário
desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar.

***
Cecilia Meireles



Viajo sozinha com o meu coração
Não ando perdida, mas desencontrada
Levo o meu rumo na minha mão

***
Cecilia Meireles


Uma montanha...
A vida é uma escalada, íngreme, longa
às vezes nem tanto, mas sempre árdua.
Não cabe o medo, nem o sossego
sob pena de não conseguir, ter que voltar.
Alguns são seguidos de perto, lado a lado
pelo amor, outros pela dor
porém todos, que sejam fortes
terão a mesma sorte.
Mas para chegar ao topo têm que ter ousadia.
Não ter nenhuma ligação com a morte
seja de aversão ou seja de amor.
Há pedras lisas pelo caminho, outras pontiagudas
há chuvas de granizo e explosão de meteoros
fome, sede e auto comiseração
covardia e depressão...
amigos!

Conseguirei chegar?
Só saberei
se tentar...

***
Tere Penhabe


"Para viajar basta existir".
***
Fernando Pessoa

sábado, 1 de janeiro de 2011

Vidinha para 100 anos no Cipó

Por Danielle Pinto
Como sempre as melhores viagens são aquelas que acontecem por acaso, sem planejamentos, sem expectativas e projetos. De uma hora para outra pinta a oportunidade, e lá estamos todas dentro do Uno branco da Andrea rumo à Serra do Cipó. Tudo começou com o casamento da "baixinha", amiga da Andrea da época faculdade. Como a Déia era madrinha, ela não podia deixar de comparecer, nem tão pouco nós poderíamos deixá-la ir sozinha por essas estradas, pobrezinha!! E já que Viçosa fica em Minas e a Serra do Cipó também porque não ir alguns dias antes e aproveitar a gasolina? A proposta foi muito bem aceita, e logo o carro já estava lotado. A Andrea veio de Floripa, passou em Joinville pegou a Luana, e fez parada para dormir no morro do Anhangava e pegou eu e a Flora K. Zugaib. Um dia de viagem, muito mate e café e chegamos a Serra do Cipó. O local dispensa apresentação, é tudo aquilo que sempre me falaram e muito melhor. Mesmo no verão quente de Minas e com algumas chuvas, durante os sete dias que estivemos lá conseguimos escalar até o corpinho gritar "Chega!!!!".  As vias são esportivas, a rocha calcário, e a base bem sombreada, uma delícia. Nesta época quase não tem carrapato e os banhos de cachoeira são uma atração por si só. Realmente foi uma semana que poderia ter durado uns 100 anos, vidinha mais ou menos..... escalada com as amigas, banho de rio, cervejinha gelada e no final da trip um lindo casório à moda mineira. Parabéns aos noivos Aline e Dudu!!!
Abaixo algumas fotos da meninas se divertindo muiiiitooo!!!
Andrea numa via do setor phoda. Fotos: Danielle Pinto
Dia de descanso, sem comentários....

Flora na via Especialidade da Casa.
Flora na Lamúrias....

Andrea na Ninhos

Luana na Bonitinha mas Ordinária.



sábado, 11 de setembro de 2010

Cordilheira Branca 2010

Por Andrea Dalben

          Sem dúvidas, uma das melhores viagens que já participei. O conhecimento prévio do local certamente ajudou muito, já que no segundo dia estávamos alojadas na casa de Ybette, amiga que havíamos feito no ano passado. A aclimatação, também devido a experiências prévias, foi muito melhor, já que optamos por, antes de subir alguma montanha, ir conhecer a Laguna Churup (4485m) e descer para dormir em Huaraz (3090m).

Laguna Churup.
          Depois da lagoa, ainda pensando na aclimatação, fomos a Hatum Machay (4300m) pra escalar esportiva...que vida perfeita!

Hatum Machay. Não lembro nome da via (6a)
          Ai ficamos por uns 3 dias, escalando com a proteção no pé e caminhando morro acima para ver o entardecer sobre a cordilheira Huayhuash.


Caminhando morro acima...


Cordilheira Huayhuash vista desde o cerro de Hatum Machay
           Pronto, agora estávamos prontas para tentar a primeira montanha da temporada. Uma boa opção nos pareceu o Maparaju (5326m), a qual havíamos tentado sem sucesso na temporada passada. Também nos pareceu um bom lugar para seguirmos nossa aclimatação modelo, já que toda a aproximação para o acampamento base de faz pelo meio da quebrada Quilcayhuanca, a uma altura de 4200m por um caminho sem muito desnível.

Maparaju (5326m).

Dani e Lu durante caminhada de reconhecimento.

          Além disso, um dos grandes atrativos que essa montanha exercia sobre nós é o isolamento em que esta se encontra, já que não é muito freqüentada pelas grandes excursões. Por esse motivo também, não é tão fácil encontrar o caminho para o cume, pois como não vai muita gente também não tem huellas (pegadas na neve).

Nosso acampamento na Quebrada Cayesh
         
           Depois de descansar um dia fomos tentar o cume. A Lu mandou muito bem na ponta de corda pra encontrar o caminho...Corajosissima!! Pena que saímos tarde do acampamento e se fez tarde no glaciar...Meio dia, hora de sair do glaciar, mesmo sem cume...Ficou mais uma vez como lição de casa...

Cayesh (5721m). Nevado que dá nome a quebrada

Descida do Maparaju.
         Depois do Maparaju decidimos tentar o Yanapacha (5460m), montanha um pouco mais técnica, mas uma velha conhecida da Lu e minha.  Para chegar no campo base, se vai de carro até o 42 Km da estrada geral da Quebrada Llanganuco, onde se inicia uma trilha de aproximadamente 3-4hrs. Essa montanha tem uma vantagem muito grande: o glaciar fica a menos de 20min do campo base, excelente lugar para praticarmos.

Quebrada Llanganuco. A direita: Huandoy Sur (6160m)



Yanapacha (5460m)
          Na noite em que íamos tentar o cume, eu estava com diarréia e de chico...ai não teve jeito, a preguiça de sair as duas da manha me venceu...Melhor ficar com minhas cólicas dentro do saco de dormir! As meninas foram, mas voltaram logo. Estava realmente difícil encontrar a passagem pelo glaciar...e além disso, elas disseram que o gelo estava fazendo uns barulhos horripilantes!! Devia ser o monstro da greta!!! No dia seguinte, depois do antibiótico, eu já estava me sentindo bem, mas infelizmente a Dani e a Lu estavam cansadas e não quiseram dar mais um peguinha na montanha. Aqui nos separamos.


Dani e Dea imaginando o caminho


Entardecer sobre Chacraraju Oeste (6112m) e Leste (6001m).
          As meninas foram embora, e eu conversei com o Vitor, um aspirante a guia, que estava dando um curso para um casal, se havia a possibilidade de subirmos juntos. No amanhecer do dia seguinte fizemos cume!! Muito lindo, alucinante! As formações no gelo pareciam sagradas, e com a luz do amanhecer!! Incrivel! Voltei destruída e feliz para Huaraz.


Vista do amanhecer cume Yanapacha (5460m)


Vitor e eu no cume do Yanapacha (5460m)

          Três dias de descanso em Huaraz e fui pra Hatum Machay encontrar meu amigo Carioca que recém chegava do Rio, depois de ficar uns dois dias em Lima esperando encontrarem sua mochila com todos seus equipos que havia se perdido no trecho São Paulo - Lima!!
          A partir de agora começou projeto Esfinge!! E para isso meu amigo tinha q aclimatar rápido!!! Otimo!! Equipou todas as vias pra mim!! Mas não dei moleza pra ele...ja começou no 6b! hehehe Nos divertimos muito e fizemos vários amigos.

Carioca em Hatum Machay


Carioca e Ricardo (Venezuela). La Argentinidad al palo (6b+)


Tbem nao me lembro o nome da via. 6b
          Depois de passarmos tres dias em Hatum, fomos o Carioca, Nicolau (amigo do Carioca q conheci em Hatum Machay) e eu para a Quebrada Llaca . O Nicolau tinha seus próprios planos para uma tal de Junguiaraju, ou algo parecido a isso. O Carioca e eu, queríamos escalar rocha (Mission Lunatica 6b) e tentar o Vallunaraju (5686m). No primeiro dia, não encontramos a via q queríamos, e entramos em outra...3 cordadas e começou a nevar!! Pra baixo então, fazer o que? No segundo dia fomos os três dar uma banda pra dentro da quebrada buscar um equipo do Nicolau, desde o caminho conseguimos ver por onde ia a linha da via que queriamos fazer, paciência. Ela passa a esquerda dos "três tetos"que se vê na foto abaixo.
 
Ranrapalca (6162m) e Mission Lunatic, esquerda dos 3 tetos
          O lugar é bastante imponente, já que a nossa frente tínhamos Ranrapalca (6162m) e Oshapalca (5686m).
   

Oshapalca (esquerda) e Ranrapalca (direita)

          Na madrugada do terceiro dia Carioca e eu saímos as 3hrs desde o acampamento base em direção ao cume do valluna!! Massa pra caramba, apesar de ser uma montanha super freqüentada, e das huellas formarem uma verdadeira auto pista, o desafio de ter saido desde o campo base foi bastante motivador! E a chegada no cume, é com certeza muito charmosa...

Auto pista Vallunaraju
 
Carrioca e eu. Cume Vallunaraju (5686m)

Cume Vallunaraju
 
           Esfinge (5327m), "Ruta 85". Quebrada Paron. Essa era a menina dos olhos dessa viagem. Sonho desde o ano passado. Tava muito difícil encontrar parceria, mas uns dois dias antes de viajar descobri q o Carioca tbem estava indo pro Peru, e propus a robada.

Carioca, Quebrada Paron


Carioca a caminho da Esfinge (5326m)
          A principio a (péssima) idéia era fixar os três primeiros largos de corda pra começarmos a jumarear de madrugada. No campo base conhecemos um casal de chilenos que tinham essa mesma péssima idéia. Juntamos as cordas e fixamos 6 largos...a principio parecia lindo.
5h da manha dia do ataque: show de horrores, com exceção do Carioca, ninguém tinha experiência com jumares...demoramos e nos cansamos muito. E pra completar, a cordada do chilenos derrubou uma geladeira duplex da parede!! Era um bloco clássico da via...quem já fez deve lembrar, ficava na 4 parada..era giga!! As 9 hrs, sexta cordada decidimos abandonar a via, não havia mais espírito para continuar...os chilenos continuaram, Carioca e eu descemos.

6 cordada. Decidimos descer
Entardecer Quebrada Paron
          Mas não da nada! Melhoramos nossa logística nos mudando para o bivaque do lado da parede, e na manha seguinte estávamos lá de volta!! Escalamos muito rápido! O Carioca foi de primeiro o tempo todo, e eu de segunda correndo atrás de mochilinha!! Mas foi massa, formamos uma boa dupla. Começamos as 6h30 e 16h15 estávamos no cume. 750m de via. Rapelamos com luz, foi alucinante! Voltamos para o bivaque e dormimos...felizes com as mãos inchadas...


Agora sim!! 6 cordada ruta 85, Esfinge


Abóveda. Ai te que fazer um pendulo para direita


Cume da Esfinge!! Bota fe? Valeu a pena


Carioca no cume cume da Esfinge!! Valeu, moço!!
          Essa foi minha primeira via com mais de 250m, mesmo de segunda foi um passo grande. Não tinha idéia de tempos, nem do tanto que era importante o segundo escalar em velocidade maxima, muitas vezes se puxando na corda pra acelerar o processo.
Agora conheço o caminho e vi que não tem nenhum bicho papão morando na repisa das flores (platô de bivaque, onde depois disso a via se confunde).  Tenho vontade de voltar lá com alguma amiga...cordada feminina na Esfinge!! ia ser o bicho...e agora, conhecendo o caminho...fica bem mais facil. Meu maior medo era a segunda parte da via, onde todos sempre disseram que apesar de fácil era pouco protegido. É verdade que em alguns trechos é preciso ir em simultâneo quase sem proteção, mas é so focar q não cai!!
           Ainda dava tempo de fazer mais uma coisa...Adivinha? Voltei ao Maparaju! Minha mãe sempre me disse que ganho pela insistência...nao sei se isso é bom ou ruim, mas aqui estava eu pela terceira vez na quebrada quilcayhuanca...Desta vez  com a Frida, grande amiga de Curitiba e o Carioca.

Fridoida descansando na Quebrada Cayesh. Eita lugar!!
          Resolvemos baratear as coisas um pouco e fomos sem burros. No primeiro chegamos, na mesma noite saímos para o cume, tempo fechado no meio de nuvens...Gelo durissimo, penitentes e gretas para chegar as 11h30 no cume!! Irado! Q vista do Cayesh!
E a bota da Frida?  Ela não sente frio! E esse crampom automatico na bota de couro?! Mas confesso q estava bem firme! Foi tudo muito divertido!
Mais uma tarefa de casa feita com a ajuda dos amigos, e dia seguinte descemos para Huaraz...agora não vai dar mais tempo pra nada...queria voltar pra Hatum!!

Super botas técnicas Fridoida (juro q estava firme!!)

Cume Maparaju (5326m)