Por Andrea Dalben
Sem dúvidas, uma das melhores viagens que já participei. O conhecimento prévio do local certamente ajudou muito, já que no segundo dia estávamos alojadas na casa de Ybette, amiga que havíamos feito no ano passado. A aclimatação, também devido a experiências prévias, foi muito melhor, já que optamos por, antes de subir alguma montanha, ir conhecer a Laguna Churup (4485m) e descer para dormir em Huaraz (3090m).
Sem dúvidas, uma das melhores viagens que já participei. O conhecimento prévio do local certamente ajudou muito, já que no segundo dia estávamos alojadas na casa de Ybette, amiga que havíamos feito no ano passado. A aclimatação, também devido a experiências prévias, foi muito melhor, já que optamos por, antes de subir alguma montanha, ir conhecer a Laguna Churup (4485m) e descer para dormir em Huaraz (3090m).
Laguna Churup. |
Depois da lagoa, ainda pensando na aclimatação, fomos a Hatum Machay (4300m) pra escalar esportiva...que vida perfeita!
Hatum Machay. Não lembro nome da via (6a) |
Caminhando morro acima... |
Cordilheira Huayhuash vista desde o cerro de Hatum Machay |
Pronto, agora estávamos prontas para tentar a primeira montanha da temporada. Uma boa opção nos pareceu o Maparaju (5326m), a qual havíamos tentado sem sucesso na temporada passada. Também nos pareceu um bom lugar para seguirmos nossa aclimatação modelo, já que toda a aproximação para o acampamento base de faz pelo meio da quebrada Quilcayhuanca, a uma altura de 4200m por um caminho sem muito desnível.
Maparaju (5326m). |
Dani e Lu durante caminhada de reconhecimento. |
Além disso, um dos grandes atrativos que essa montanha exercia sobre nós é o isolamento em que esta se encontra, já que não é muito freqüentada pelas grandes excursões. Por esse motivo também, não é tão fácil encontrar o caminho para o cume, pois como não vai muita gente também não tem huellas (pegadas na neve).
Nosso acampamento na Quebrada Cayesh |
Depois de descansar um dia fomos tentar o cume. A Lu mandou muito bem na ponta de corda pra encontrar o caminho...Corajosissima!! Pena que saímos tarde do acampamento e se fez tarde no glaciar...Meio dia, hora de sair do glaciar, mesmo sem cume...Ficou mais uma vez como lição de casa...
Cayesh (5721m). Nevado que dá nome a quebrada |
Descida do Maparaju. |
Depois do Maparaju decidimos tentar o Yanapacha (5460m), montanha um pouco mais técnica, mas uma velha conhecida da Lu e minha. Para chegar no campo base, se vai de carro até o 42 Km da estrada geral da Quebrada Llanganuco, onde se inicia uma trilha de aproximadamente 3-4hrs. Essa montanha tem uma vantagem muito grande: o glaciar fica a menos de 20min do campo base, excelente lugar para praticarmos.
Quebrada Llanganuco. A direita: Huandoy Sur (6160m) |
Yanapacha (5460m) |
Na noite em que íamos tentar o cume, eu estava com diarréia e de chico...ai não teve jeito, a preguiça de sair as duas da manha me venceu...Melhor ficar com minhas cólicas dentro do saco de dormir! As meninas foram, mas voltaram logo. Estava realmente difícil encontrar a passagem pelo glaciar...e além disso, elas disseram que o gelo estava fazendo uns barulhos horripilantes!! Devia ser o monstro da greta!!! No dia seguinte, depois do antibiótico, eu já estava me sentindo bem, mas infelizmente a Dani e a Lu estavam cansadas e não quiseram dar mais um peguinha na montanha. Aqui nos separamos.
Dani e Dea imaginando o caminho |
Entardecer sobre Chacraraju Oeste (6112m) e Leste (6001m). |
As meninas foram embora, e eu conversei com o Vitor, um aspirante a guia, que estava dando um curso para um casal, se havia a possibilidade de subirmos juntos. No amanhecer do dia seguinte fizemos cume!! Muito lindo, alucinante! As formações no gelo pareciam sagradas, e com a luz do amanhecer!! Incrivel! Voltei destruída e feliz para Huaraz.
Vista do amanhecer cume Yanapacha (5460m) |
Vitor e eu no cume do Yanapacha (5460m) |
A partir de agora começou projeto Esfinge!! E para isso meu amigo tinha q aclimatar rápido!!! Otimo!! Equipou todas as vias pra mim!! Mas não dei moleza pra ele...ja começou no 6b! hehehe Nos divertimos muito e fizemos vários amigos.
Carioca em Hatum Machay |
Carioca e Ricardo (Venezuela). La Argentinidad al palo (6b+) |
Tbem nao me lembro o nome da via. 6b |
Depois de passarmos tres dias em Hatum, fomos o Carioca, Nicolau (amigo do Carioca q conheci em Hatum Machay) e eu para a Quebrada Llaca . O Nicolau tinha seus próprios planos para uma tal de Junguiaraju, ou algo parecido a isso. O Carioca e eu, queríamos escalar rocha (Mission Lunatica 6b) e tentar o Vallunaraju (5686m). No primeiro dia, não encontramos a via q queríamos, e entramos em outra...3 cordadas e começou a nevar!! Pra baixo então, fazer o que? No segundo dia fomos os três dar uma banda pra dentro da quebrada buscar um equipo do Nicolau, desde o caminho conseguimos ver por onde ia a linha da via que queriamos fazer, paciência. Ela passa a esquerda dos "três tetos"que se vê na foto abaixo.
Ranrapalca (6162m) e Mission Lunatic, esquerda dos 3 tetos |
O lugar é bastante imponente, já que a nossa frente tínhamos Ranrapalca (6162m) e Oshapalca (5686m).
Oshapalca (esquerda) e Ranrapalca (direita) |
Na madrugada do terceiro dia Carioca e eu saímos as 3hrs desde o acampamento base em direção ao cume do valluna!! Massa pra caramba, apesar de ser uma montanha super freqüentada, e das huellas formarem uma verdadeira auto pista, o desafio de ter saido desde o campo base foi bastante motivador! E a chegada no cume, é com certeza muito charmosa...
Auto pista Vallunaraju |
Carrioca e eu. Cume Vallunaraju (5686m) |
Cume Vallunaraju |
Esfinge (5327m), "Ruta 85". Quebrada Paron. Essa era a menina dos olhos dessa viagem. Sonho desde o ano passado. Tava muito difícil encontrar parceria, mas uns dois dias antes de viajar descobri q o Carioca tbem estava indo pro Peru, e propus a robada.
Carioca, Quebrada Paron |
Carioca a caminho da Esfinge (5326m) |
A principio a (péssima) idéia era fixar os três primeiros largos de corda pra começarmos a jumarear de madrugada. No campo base conhecemos um casal de chilenos que tinham essa mesma péssima idéia. Juntamos as cordas e fixamos 6 largos...a principio parecia lindo.
5h da manha dia do ataque: show de horrores, com exceção do Carioca, ninguém tinha experiência com jumares...demoramos e nos cansamos muito. E pra completar, a cordada do chilenos derrubou uma geladeira duplex da parede!! Era um bloco clássico da via...quem já fez deve lembrar, ficava na 4 parada..era giga!! As 9 hrs, sexta cordada decidimos abandonar a via, não havia mais espírito para continuar...os chilenos continuaram, Carioca e eu descemos. 6 cordada. Decidimos descer |
Entardecer Quebrada Paron |
Mas não da nada! Melhoramos nossa logística nos mudando para o bivaque do lado da parede, e na manha seguinte estávamos lá de volta!! Escalamos muito rápido! O Carioca foi de primeiro o tempo todo, e eu de segunda correndo atrás de mochilinha!! Mas foi massa, formamos uma boa dupla. Começamos as 6h30 e 16h15 estávamos no cume. 750m de via. Rapelamos com luz, foi alucinante! Voltamos para o bivaque e dormimos...felizes com as mãos inchadas...
Agora sim!! 6 cordada ruta 85, Esfinge |
Abóveda. Ai te que fazer um pendulo para direita |
![]() |
Cume da Esfinge!! Bota fe? Valeu a pena |
Carioca no cume cume da Esfinge!! Valeu, moço!! |
Essa foi minha primeira via com mais de 250m, mesmo de segunda foi um passo grande. Não tinha idéia de tempos, nem do tanto que era importante o segundo escalar em velocidade maxima, muitas vezes se puxando na corda pra acelerar o processo.
Agora conheço o caminho e vi que não tem nenhum bicho papão morando na repisa das flores (platô de bivaque, onde depois disso a via se confunde). Tenho vontade de voltar lá com alguma amiga...cordada feminina na Esfinge!! ia ser o bicho...e agora, conhecendo o caminho...fica bem mais facil. Meu maior medo era a segunda parte da via, onde todos sempre disseram que apesar de fácil era pouco protegido. É verdade que em alguns trechos é preciso ir em simultâneo quase sem proteção, mas é so focar q não cai!!
Ainda dava tempo de fazer mais uma coisa...Adivinha? Voltei ao Maparaju! Minha mãe sempre me disse que ganho pela insistência...nao sei se isso é bom ou ruim, mas aqui estava eu pela terceira vez na quebrada quilcayhuanca...Desta vez com a Frida, grande amiga de Curitiba e o Carioca.Fridoida descansando na Quebrada Cayesh. Eita lugar!! |
E a bota da Frida? Ela não sente frio! E esse crampom automatico na bota de couro?! Mas confesso q estava bem firme! Foi tudo muito divertido!
Mais uma tarefa de casa feita com a ajuda dos amigos, e dia seguinte descemos para Huaraz...agora não vai dar mais tempo pra nada...queria voltar pra Hatum!!Super botas técnicas Fridoida (juro q estava firme!!) |
Cume Maparaju (5326m) |