
A Cordilheira Blanca fica localizada no Peru, as montanhas, a sua maioria acima de 5 mil metros de altura, ficam situadas em torno da cidade de Huaraz, que recebe durante a temporada, que vai de maio a setembro - sendo que o melhor clima é em junho e julho -, turistas de todos os lugares do mundo.


Aclimatação e escalada em rocha
A primeira tentativa foi o Maparaju, uma montanha classificada como fácil, porém não muito visitada, com o cume a 5.326m de altitude. Uma ótima tentativa, que valeu muito como experiência, já que tive a oportunidade de sentir todos os efeitos do mal de altitude. A Andréia e a Luana estavam melhores e saíram para tentar o cume, mas desistiram na entrada do glaciar devido à lentidão e o cansaço, causados pela falta de aclimatação.



Cumes Nevados
De volta a Huaraz, pisco e conchitas no Vagamundo e preparação para a próxima empreita. Depois de muito discutir, conseguimos ir as três novamente para a Quebrada Ishinca, local de acesso para a escalada dos nevados Urus, Ishinca e Tocllaraju. A Luana fez duas tentativas ao Tocllaraju com expedições distintas, mas o tempo não estava favorável. Eu e a Andréia fomos para o Urus e o Ishinca. No Urus começamos a caminhar na moraina as quatro da madrugada, a Andréia não se sentiu bem e desceu. Continuei sozinha, bom, difícil estar sozinha nestas montanhas, mas digamos que segui subindo sem as minhas “amiguinhas”. Cheguei ao cume as oito da manhã, e às dez já estava de volta ao acampamento, o tempo estava lindo, céu despejado e sem vento.

Na madrugada marcada para a subida do Ishinca o tempo começou a cambiar, ventava forte. Mesmo assim seguimos com o nosso plano, eu e a Andréia iniciamos a caminhada às quatro da madrugada e às dez da manhã estávamos no cume, permanecemos ali trinta segundos, pois o tempo estava cada vez pior. Finalmente depois de tomar muita surra na Cordilheira Branca fomos presenteadas com uma escalada bem sucedida e lindas fotos de cume.
Alguns dias em Huaraz para reabastecer as energias. E aqui a nossa “barca” se separa. A Andréia, nossa mestre em ecologia, volta para trabalhar, porque alguém tem que trabalhar né? A Luana realiza um sonho e vai escalar o Alpamayo, feito que ela vai contar aqui, pois merece um relato da própria. E eu fico em Huaraz esperando a Luana para seguirmos com os nossos projetos. Cinco dias depois a Luana volta e nós duas seguimos para tentar o Pisco, na Quebrada Llaganuco, onde também estão localizados os acampamentos base do Chopiqualqui e do Yanapacha.

Fizemos a ascensão ao Pisco, 5752m, em três dias. No primeiro fomos até o acampamento base. No segundo fomos até o acampamento moraina e na madrugada saímos para o ataque. Entramos no glaciar às quatro da manhã, às oito estávamos no cume e às dez da manhã comendo macarrão já de volta ao acampamento moraina. Descansamos um pouco e já iniciamos a descida ao acampamento base. Pachamama nos presenteou com um lindo amanhecer, clima perfeito e um visual incrível, do cume do Pisco se pode ver o Artesonraju, o Alpamayo, o Quitaraju, o Chacaraju e até a Esfinge, que continua esperando por nós.

A última empreita foi o Vallunaraju, afinal já havíamos estado lá, já conhecíamos a entrada no glaciar e é uma montanha próxima de Huaraz, com fácil acesso. Em dois dias conseguimos fazer toda a correria. Saímos de Huaraz por volta do meio dia, chegamos ao acampamento moraina por volta das quatro da tarde, com bastante tempo para descansar e comer. Na madrugada, por volta das cinco da manhã, iniciamos a subida ao cume. A montanha, apesar de ser tecnicamente fácil, é muito impressionante, com gretas, pontes e blocos de gelo e uma linda cornisa para se chegar ao cume. Por volta das nove da manhã estávamos no cume apreciando o Huascarán e o Chopicalqui no horizonte. E no fim do dia em Huaraz, de volta ao pisco e as conchitas.
Foram sessenta dias de Cordilheira Branca e não vejo a hora de voltar. Sei que minhas parceiras sentem o mesmo. A grandiosidade do lugar assusta, encanta e apaixona. Os desafios, os medos, as vitórias, a superação, a amizade e o aprendizado foram intensos durante esta temporada. Estivemos sempre escalando em cordadas femininas, não usamos porteadores nem guias. As montanhas que subimos são tecnicamente acessíveis e bem freqüentadas, porém exige preparo físico, uma boa aclimatação e muita gana.
Por Danielle Pinto
2 comentários:
Nossa meninas, que legal ! Estava esperando aparecer o post de vocês sobre trip no Peru ... ;-) Muito legal ! Agora quero ver o relato dessa ida para o Alpamayo !
Nós também nos divertimos muito... acabei colocando os meu relatos e várias fotos, dicas e filminhos no meu blog também :
http://www.blog.marski.org/?tag=peru
abraço para vocês e excelentes escaladas !
Olá Daniele!
Maravilhoso teu relato, lindas fotos! A coragem e disposição de vocês pelas montanhas inspira e motiva a gente...Já me dá ganas de evoluir, aprender, tomar coragem e quem sabe um dia conseguir escalar pelo gelo e aclimatar melhor em altitude..O exemplo de vocês mostra que a gente consegue sim, é só querer. Obrigada por dividir com a gente a viagem! Bjos nas meninas!
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